QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Qualidade de vida no trabalho
Conceitos e objectivos
Segundo Chiavenato (2002, p. 391), “a QVT tem o objectivo de assimilar duas
posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos empregados quanto ao
bem-estar e satisfação no trabalho, do outro, o interesse das organizações
quanto a seus efeitos sobre a produção e a produtividade”.
Pode-se afirmar que uma empresa com qualidade é, entre outros factores,
aquela que possui colaboradores que, após atender suas necessidades básicas,
estejam satisfeitos com a empresa e seus colegas de trabalho, isto é, sua equipa
de trabalho.
Para Fernandes (1996),
pode-se entender QVT como um programa que visa a facilitar e satisfazer as
necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização,
tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto
mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho.
Neste caso, a conquista
da qualidade de vida, em grande parte, depende do próprio indivíduo, seja na
organização ou fora dela. Depende de sua auto-estima e auto-imagem, do
engajamento profissional, político e social e, acima de tudo, de sua postura na
transformação da realidade e da consciência de seus direitos e deveres.
Origem da Qualidade de Vida no Trabalho
As pessoas sempre procuraram melhores formas para realizar as suas
atividades na busca de um bem-estar no trabalho. A partir do século XX surgem
programas de Qualidade de Vida no Trabalho com o intuito de melhorar os
aspectos físicos e psicológicos das pessoas envolvidas em seus trabalhos
Então, na década de 70,
surge um movimento pela QVT, principalmente nos EUA, devido à preocupação com a
competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos e técnicas
gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrados nos colaboradores
através de práticas gerenciais capazes de reduzir conflitos.
O movimento da QVT foi
motivado pelas lutas de trabalhadores e estudantes contra alguns modelos de
organização do trabalho que aconteceram na década de 50. Segundo Rodrigues
(1994), a qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde
o início de sua existência, com outros títulos e em outros contextos, mas
sempre voltada para a satisfação e o bem-estar do trabalhador na execução de
suas tarefas.
A importância do ser humano no trabalho
Os primeiros estudos
voltados para diminuir os esforços e melhorar a capacidade produtiva foram
desenvolvidos por Frederick Taylor no final do século XIX, surgia então a
administração científica que visava o estudo da melhor forma de se executar um
trabalho.
Os estudos desenvolvidos
por Taylor contribuíram para que as organizações obtivessem um aumento na
produtividade.
Estes estudos tiveram
como conseqüência à divisão de tarefas e a especialização dos trabalhadores,
esta forma de trabalho eliminava esforços desnecessários. O operário
trabalharia mais e se cansaria menos, mas as longas jornadas de trabalho e os
abusos por parte dos patrões, ainda continuava assolando a classe trabalhadora.
Ter a força de trabalho
atrelada aos valores da empresa, tornou-se vital a competitividade das
organizações. Pois, a sobrevivência, permanência e espaço no mercado, depende
cada vez mais do envolvimento das pessoas em prol dos objetivos da organização.
Promoção da qualidade de
vida no trabalho
1.
Conhecer os colaboradores
É preciso saber o que
significa um bom ambiente de trabalho para eles. Para isso é necessário saber
dos anseios individuais, pois cada colaborador tem um ideal do que pode lhe
deixar confortável para realizar suas atividades na empresa. Esse conhecimento
é importante para evitar perda de tempo e desgaste em acções que não vão gerar
resultados esperados.
2.
Ter bons líderes
Desenvolver bons líderes
de equipes, juntamente com o RH, é um passo primordial para garantir um bom
clima organizacional. Eles convivem diariamente com os colaboradores e por isso
conhecem as características de cada um deles e a forma de mantê-los mais
engajados.
São peças chave para
conduzir esse processo, não só no sentido de incentivar os membros das equipes,
mas também atuar diretamente com o RH identificando os pontos problemáticos que
possam gerar ações conjuntas para equalizá-los.
3.
Invista no colaborador
Investir na qualificação
dos colaboradores é uma forma não só de torná-los mais aptos aos desafios
constantes que o mercado de trabalho impõe, mas também de formar um time
competitivo e produtivo para a sua empresa.
Isso reflete nos
resultados, pois um trabalhador valorizado tende a produzir mais e gerar mais
lucros para a organização.
4.
Condições estruturais
Mais para produzir
melhor é preciso um ambiente de trabalho preparado para isso.
Assim, é preciso
proporcionar uma estrutura preparada, tanto no que diz respeito à ergonomia,
para evitar o surgimento de doenças, mas também à tecnologia. Atualizações
tecnológicas tornam o trabalho mais ágil e, consequentemente, mais competitivo.
Além de funcionar como
um termômetro para o desempenho da empresa, os indicadores de produtividade
também são bons aliados para avaliar a satisfação dos trabalhadores.
Principais factores que influenciam a saúde no
âmbito organizacional e formas de resolução
De acordo com a OMS (2010
) os factores de risco organizacionais prendem-se com a maioria dos domínios e
contextos de actividade laboral. Situações como a flexibilização do trabalho, a
precariedade dos vínculos de trabalho ou o ritmo de trabalho implicam grande
capacidade de respostas adaptativas pessoais, sociais e biológicas e podem
representar elevados para a saúde dos trabalhadores.
1)
Ambiente físico de
trabalho
O ambiente físico de trabalho se
refere à estrutura, ar, maquinário, móveis, produtos, substâncias químicas,
materiais e processos de produção no local de trabalho. Estes fatores podem
afetar a segurança e saúde física dos trabalhadores, bem como sua saúde mental
e seu bem-estar. Nos casos em que os trabalhadores executam tarefas em um
veículo ou ao ar livre, os veículos ou os locais ao ar livre também fazem parte
do ambiente físico de trabalho.
Os problemas normalmente incluem:
•
perigos químicos: (ex: solventes, pesticidas, amianto,
sílica, fumaça de cigarro);
•
perigos físicos: (ex: ruídos, radiações, vibrações, calor
excessivo, nanopartículas);
•
perigos biológicos: (ex: hepatite B, malária, HIV,
tuberculose, mofo, falta de água potável, banheiros e instalações sanitárias);
•
factores de risco ergonômicos (ex: processos que exigem
força excessiva, posturas desconfortáveis, tarefas repetitivas, levantamento de
objetos pesados);
•
perigos mecânicos (ex: perigos oferecidos pelas máquinas
relacionados a engrenagens, guindastes, empilhadeiras).
Normalmente, os perigos devem ser identificados,
examinados e controlados através de uma hierarquia de processos de controle. As
principais etapas normalmente são as seguintes: Eliminação ou substitutição:
uma fábrica pode optar por substituir o benzeno, uma substância cancerígena
poderosa, por tolueno ou outra substância química menos tóxica. Um escritório
pode eliminar o perigo de conduzir veículos em condições perigosas por meio de
teleconferências.
2)
O ambiente psicossocial
de trabalho
O ambiente psicossocial
do trabalho inclui a cultura organizacional, bem como atitudes, valores,
crenças e práticas cotidianas da empresa que afetam o bem-estar mental e físico
dos trabalhadores. Factores que podem causar estresse emocional ou mental são
muitas vezes chamados de “estressores” do local de trabalho.
Exemplos de perigos
psicossociais incluem, mas não estão limitados à:
- Oganização do trabalho deficiente (problemas com a
demanda de trabalho, pressão com relação ao cumprimento de prazos,
flexibilidade nas decisões, recompensa e reconhecimento, apoio dos
supervisores, clareza do trabalho, concepção do trabalho, comunicação deficiente);
- Cultura
organizacional (falta de políticas, normas e procedimentos relacionados à
dignidade e respeito para com todos os trabalhadores, assédio e intimidação,
discriminação de gênero, estigmatização devido à condição relacionada ao HIV, a
intolerância à diversidade étnica ou religiosa, a falta de apoio a estilos de
vida saudáveis;
- Estilo
de gestão de comando e controle (ausência de consultas, negociações,
comunicação recíproca, feedback construtivo, gestão do desempenho de forma
respeitosa).
- Perigos psicossociais devem ser abordados da mesma maneira que os perigos do ambiente físico do trabalho embora utilizando-se ferramentas diferentes, normalmente identificados e avaliados por meio de pesquisas ou entrevistas no lugar de inspeções.
Comentários
Enviar um comentário